“Jésus Gonçalves” – Quem foi este homem?
Biografia de Jésus Gonçalves
Biografia de Jésus Gonçalves
Deste divulgador do espiritismo no Brasil. Jésus veio ao mundo no dia 12 de julho de 1902, nascido na cidade de Borebi (interior de São Paulo). De família de lavradores, ficou órfão de mãe aos 3 anos.
Aos 14 anos empregou-se em uma fazenda. Neste época, começou a aprender música e se apresentar com uma banda em quermesses e bailes. Ao completar 17 anos mudou-se para Bauru (também interior de São Paulo).
Três anos depois casou-se com Theodomira, que era viúva e tinha duas filhas. O casal teve mais quatro filhos. Nesta época já trabalhava como tesoureiro na prefeitura da cidade.
Em 1930, sua esposa desencarnou com tuberculose. Apesar das dificuldades em criar as seis crianças, continuou a tocar clarinete na banda da prefeitura e atuar como diretor e ator de teatro. Mesmo sem ter o ginásio completo, colaborava com poesias e prosas em vários jornais.
Casou-se novamente com Anita Vilela, vizinha que o auxiliava a cuidar dos filhos. Mas aos 27 anos soube que era portador de hanseníase (lepra). Anita conhecia a doutrina espírita e tentava, em vão, esclarecer o ateu Jésus.
Nestes tempos os doentes eram obrigados a abandonar seus empregos e viverem isolados da sociedade, ou em suas casas ou em leprosários. Foi aposentado prematuramente e passou a viver em uma moradia cedida pela Câmara Municipal. Ele continuou a escrever para o “Correio da Noroeste”.
Pouco depois, Jésus muda para um sítio, onde passou a cultivar frutas. Em agosto de 1933, é recolhido pelo Serviço Sanitário que o interna no Asilo-Colônia Aymorés. Líder nato, funda no asilo o jornal interno “O Momento”, a “Jazz Band de Aymorés”, uma equipe de futebol e um grupo teatral interno.
Sofrendo de problemas no fígado, ele buscava a transferência para um hospital de Guarulhos, mas suas cartas eram interceptadas pelo diretor do sanatório, que não queria perder seu dinâmico interno.
Em 1937, consegue a transferência, mas fica no Hospital de Pirapitinguí, em Itú. Sem perder tempo, monta uma banda de jazz, a Rádio Clube de Pirapitinguí (existente até hoje) e o jornal interno “Nosso Jornal”.
Anita desencarnou em 1943. Durante o velório, marcado por fenômenos mediúnicos, a abnegada esposa dá uma mensagem, cuja intimidade do texto deixou Jésus sem, dúvidas de sua veracidade. Este pequeno trecho: “Velho, não duvides mais, Deus existe!”, faz com que ele busque nos livros espíritas as explicações para o contato.
Sua conversão ocorreu de forma bastante convincente. Um dia, às voltas com suas dores no fígado, resolveu chamar aquele Deus que tanto procurava, desafiando-o. Tirou um pouco de água e colocou em um copo dizendo:
“Se Deus existe mesmo, dou 5 minutos para que coloque nesta água um remédio que me alivie as dores que sinto”.
E contou no relógio. Quando começou a beber, sentiu que estava totalmente amarga. Chamou um companheiro que confirmou a alteração da água. Dois minutos depois todas as suas dores desapareceram.
Fundou em 1945, A Sociedade Espírita Santo Agostinho. Com dificuldades, conseguiu recursos junto às comunidades espíritas para a construção da sede. Diversas caravanas espíritas passaram a visitar o sanatório, levando alegria e conforto aos internos. Passou então a atender as incorporações de familiares e desobsessões severas, daqueles considerados “loucos”, permitindo a estes que voltassem a vida normal.
Vinte dias antes de desencarnar, com a doença já tendo lhe consumido todo o corpo e as cordas vocais, Jésus foi à sessão espírita. Para surpresa das 300 pessoas presentes, os mentores da casa devolveram-lhe a voz e ele pode fazer uma preleção de quase duas horas de duração, com elevados ensinamentos evangélicos. Ao término da palestra, a voz de Jésus sumiu novamente.
Seus últimos dias de vida foram muito dolorosos. Seu corpo estava completamente deformado pela doença, o rosto transfigurado e seus órgãos começaram a parar e, lentamente desligou-se do corpo físico.
Mas teve tempo de saber que o sofrimento é o caminho que nos leva a Cristo. Assim, pôde mudar a mentalidade daqueles que consideravam como animais fedorentos os doentes internados em asilos, sanatórios e leprosários.
Fonte: O Trevo — Julho / 02.